Coração perdido no silêncio da voz,
no desespero da espera entrecortada;
Asa ferida no voo ingénuo e indulgente,
na incerteza de ser gente, ou até,
de ser profissional competente,
capacitada para sorrir,
mesmo quando e apenas apetece chorar...
Oprimida, alma encrostada,
em desejo escaldando o peito,
que esbraceja em turbulentas águas
e se afoga, e se esfuma, e se queima.
Sintonia de marfim, acácias e também jasmim,
e outras flores,
desiderato de amores fortes,
de paixão alucinante
e fragrâncias de saudade...
Quisera ser o meu e o teu odor,
num pleno rasgo de sabor
que um beijo um dia prometeu...
PALAVRAS MINHAS
Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
que são minhas, só minhas pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.